Temos segurança em confidenciar nossas dores e alegrias com a amizade sincera.
Há contextos na vida com os quais, no primeiro momento, já não sabemos exatamente o que fazer, embora em nossos dias disponhamos de ferramentas, meios, caminhos alternativos, além daquela onda de autoajuda acessível e sedutora que nos cerca. Há pessoas com respostas prontas, com forças extraordinárias, com atitudes imediatas e nos perguntamos até se determinadas situações não as atingem.
Muitos de nós temos até vergonha de sentir tristeza, dor, medo, tédio e solidão. Não somos livres nem mesmo para viver o momento que a alma e o coração necessitam. Choramos escondidos e temos o dever de mostrar que está tudo bem conosco, mas a gente sabe que muitas vezes as coisas andam bem difíceis na vida e viver determinadas cruzes não significa que somos fracassados ou pessoas com espírito fraco.
Outro dia perguntei a uma amiga que mora distante de Fortaleza se estava tudo bem com ela, no que me respondeu: “Amigo, não está tudo bem, mas tem muita coisa bem!”. Considerei a resposta dela verdadeira, transparente, madura e honesta. Sabemos que não é qualquer pessoa que deve saber da nossa vida e para essa basta um “estou bem”, mas, a quem se quer bem e confia vale a liberdade em mostrar com equilíbrio um pouco de nossas aflições. Escutei recente uma amiga falar de sua dor na reação a três, mãe, pai e filha. Concluiu com um pedido sincero:
“Amigo, confesso que eu não queria que fosse o fim do nosso relacionamento, pois desejei muito que desse certo! Mas, em nome da dignidade pessoal e da nossa felicidade eu preciso seguir minha vida. Espero que um dia ele reconheça a pessoa que perdeu e é bem provável que seja tarde demais! Ore por mim!”
Sabemos que, necessariamente, não andamos atrás de respostas prontas, mas apenas que alguém entenda e deseje ficar ao nosso lado com maturidade, presença, confiança e escuta. A gente ajuda alguém muitas vezes sem conseguir dizer uma única palavra. O amor, a amizade e a oração vão além de nossas limitações! Dizem as Escrituras Sagradas que “um coração alegre facilita a cura, um espírito abatido resseca os membros” (Pr 17,22). Que nossas estações sejam um tempo de educação, não uma estação permanente, e que não tenhamos medo e esqueçamos que há amigo mais fiel que irmão” (Pr 18,24). Nele podemos confiar!
Por: Marcos de Aquino