“Os homens de que fala Mateus não eram apenas astrólogos; eram “sábios”: representavam a dinâmica de ir além de si próprios, que é intrínseca à religião; uma dinâmica que é busca da verdade, busca do verdadeiro Deus e, consequentemente, também filosofia no sentido originário da palavra. Desse modo, a sabedoria sana também a mensagem da “ciência”: a racionalidade dessa mensagem não se detinha meramente no saber, mas procurava a compreensão do todo, levando assim a razão às suas possibilidades mais elevadas” (BENTO XVI, Papa emérito. A Infância de Jesus, Cap. 4).
Poderíamos falar de muitas realidades na festa deste dia, a partir da riqueza da liturgia e seus textos bíblicos. No entanto, fica apenas a consciência da busca constante pela verdade para a vida pessoal e para todos os contextos que nos cercam. A presença do “Rei dos Judeus”, a Verdade, anunciada pelos Magos, não foi uma boa notícia para Herodes e as Autoridades, e sim, ameaça. “Compreender o todo” de que fala o papa, talvez seja a grande necessidade do coração e da alma. Desejar a luz exige do coração e da mente porque ela vai revelar e transformar nossas trevas. Mas não tenhamos medo!
Por fim, ressalto as palavras de Paulo quando compreende que os “pagãos são agora admitidos na mesma herança” (cf. Ef 3,2-6). Isso continua um choque em nossos dias. Nossa forma de ser, ter, crer e viver faz as diferenças que excluem alguns da nossa vida, simplesmente quando julgamos ser melhores que os outros ou quando algo em suas vidas destoam do que queremos e pensamos. Pelo incrível que pareça o outro é ameça tantas vezes. Dá-nos, Senhor, a graça de vermos a estrela e nos colocarmos a caminhos, sempre! “É a tua face, Senhor, que eu procuro!” (Sl 27,8).